Pronto, moça?

Escutei essa frase umas quatrocentas vezes hoje. Tudo porque me aventurei indo ao centro da cidade procurar um shortinho branco para a apresentação de Natal de minha filha. Como sabem, meu sapato mais confortável para missões como essa é a minha velha e boa plataforma. Sim, pois é ela ou meus saltos agulha. Como já deixei alguns saltos presos naqueles paralelepípedos, prefiro quase cair de cima da plataforma mesmo. Meus amigos da UFSC diziam que se eu caísse, nunca mais iria conseguir alcançar o sapato de novo (gracinhas eles, não?).

Enfim, tudo o que eu NÃO queria era ter feito isto hoje, mas minha filha nômade não sabia em qual casa estava seu shorts. Não dava tempo de descobrir e a apresentação é hoje. Só comprando outro.

No centro eu sempre me pego em frente à vitrine da Arezzo. Qdo eu vejo, já estou ali. É tão engraçado isso. Entrei para escolher qual das sandálias vou fazer meu marido comprar para mim. Mas eu gostei de pelo menos uns 5 modelos! São todas lindas! E eu sempre, sempre, sempre gosto das mais caras. Nesse momento pensei comigo mesma que não era justo haver tantas pessoas ricas e com gosto estragado e eu ser pobre com o gosto tão refinado. É a treva.

Mas o pior mesmo foi ter que enfrentar aquelas lojas horrorosas com um milhão de pessoas dentro para tentar achar o shorts branco da Rafaella. Ai, que depressão! Sair da Arezzo e entrar na Sulcenter não dá! Não estava preparada psicologicamente. Me senti no inferno de Dante! Aliás, se ele tivesse passado por essa experiência, com certeza escreveria na Divina Comédia. Os pecadores ficariam o tempo todo saindo da Arezzo e entrando na Sulcenter, sem parar. Se o pecado fosse muito grande, seria Arezzo seguida de Economia New!

Fiquei exausta. Coitadas das moças que trabalham nesses lugares. Seria justo que ganhassem o triplo por insalubridade!  Hoje fui firme e forte e após 2 horas de sofrimento achei o tal shortinho e levei no colégio para ela, que ficou tão feliz que até valeu à pena. Mas outra tarde dessas só em caráter emergencial! Acabei absorvendo mesmo a teoria da minha mãe, que paga um pouquinho mais, mas vai em um supermercado onde o ar esteja gelado e as pessoas sejam bonitas! É meio horrível isso, eu sei. Mas atire a primeira pedra quem nunca surtou no centro! ;D